A Espera

Dia 27/09/09
Acordei cedo. Mala para arrumar. Preciso deixar tudo preparado ainda hoje.
Meu caminho se aproxima e eu já estou super ansiosa pelo que me aguarda. Um gostinho de “novo e desconhecido” toma conta e eu mal posso esperar. Às vezes sinto que o Natal está chegando, menos meu caminho. Ansiosa, eu???
Sei que este caminho nao se trata apenas de uma caminhada. É um caminho interior, em busca de algo que ainda nao sei o que é.
Ainda tenho medo de nao conseguir entrar em Portugal, mas tenho fé que tudo há de dar certo.
Buen camino!

A Chegada

Dia 02/10/09
Chegamos em Lisboa e a cidade parece deliciosa. Já posso sentir o ar europeu: uma mistura do antigo com o moderno. É possível perceber na cara das pessoas suas diversas origens.
Pegamos um aerobus saindo do aeroporto, pois no ônibus comum nao conseguiríamos entrar com as mochilas. Pagamos $3,50 (cada) pela passagem e descemos no Rossio, há poucas quadras do nosso Residencial.
O Residencial Duas Naçoes fica na regiao “baixa” e o quarto é suficientemente aconchegante, com quarto de banho compartilhado. Tudo é muito limpo. O banho é com ducha de banheira, mas neste calor está perfeito.
Logo abaixo do Resdidencial tem um café e uma casa de sanduíche. Já deve ser umas 15 horas e vamos sair para comer e conhecer um pouco melhor a cidade. A regiao do Rossio é encantadora. Parece um pouco com Ouro Preto por suas ruas estreitas, de calçamento, carregadas de história, e também pela quantidade de malucos na rua. Hehehehehehehe Em apenas cinco minutos andando pelas ruas apareceram dois oferecendo erva e haxixe.

1º Dia de Caminhada - Lisboa a Parque das Naçoes

Dia 03/10/09
Como nao temos despertador (o que no começo achei uma falha grave mas depois descobri que seria totalmente desnecessário) acordamos ás 8H, o que nao significa que dormimos muitos pois em Portugal sao 4H a mais que no Brasil, ou seja, acordamos ás 4H da manha.
Tomamos um rápido café no hotel (suco + pao) e saímos em direçao a Sé, ponto de partida para nosso caminho. Lá tivemos que esperar o guichê da igreja abrir para pegar nosso 1º carimbo. Saímos de lá por volta das 10H.



Finalmente começamos o caminho e eu nao me cabia de tao feliz. Conseguimos comprar no terminal de Apolónia o adaptador de tomadas ($ 5,00). Andamos mais um pouco e tomamos um refresco. Começamos a entrar na perifería e a cidade continua linda.
Compramos um Sumol (Fanta local) e umas uvas.



Chegamos ao Parque das Naçoes por volta das 12H e havia um grupo de idosos fazendo um lanche coletivo nos bancos cercados de árvores.
Sem saber que já havíamos chegado ao Parque das Naçoes, paramos para almoçar (pao + Sumol + uvas) e lá descansamos por meia hora. Seguimos pelo parque que tem até um oceanário, o qual nao visitamos pois ficamos com dó de gastar os $ 11,00 do ingresso.
Buscamos no GPS o Albergue da Juventude e caímos na Av. Moravide, mas o albergue ficava na Rua Moravide (Afffff). Depois de pegar informaçao na polícia conseguimos chegar na Pousada da Juventude. Pagamos $ 36,40 por um quarto com quatro camas para nós dois porque nao havia mais quarto privativo disponível. Tomamos um banho e abandonamos um pouco as mochilas. A PJ é ótima! Tem cozinha equipada, máquina de lavar, sala de jogos e máquinas de café, chocolates, snacks e coca-cola.
Fomos almoçar num dos poucos cafés abertos. Cardápio: dois pregos, uma cerveja e uma coca. Antes passamos num mercadinho para comprar macarrao, molho e salsicha para jantar, escova de dente, alcool, tempero, suco e leite achocolatado. A compra ficou em $ 6,20.
Voltamos para a PJ. Cabelo ficou pelejando com o Netbook e eu cochilei. Quando acordei resolvemos voltar ao Parque das Naçoes e descobrimos que ele é muito maior e mais lindo do que imaginávamos. Tem uma grande área gramada, à beira do Tejo, com bancos com vista para o rio. Pista de cooper e bike, pequenos bosques, uma ponte que liga Lisboa a Studal, pequenas trilhas e um píer. Vários bares , restaurantes e um enorme shopping. Tomei um Corneto e fomos ao shopping comprar o carregador de pilhas USB ($ 8,75).
Voltamos para PJ por volta de 20H e 30M. Fizemos a comida e jantamos na varanda. Arrumamos as mochilas e.... até amanha. Sem despertador de novo...

2º Dia de Caminhada - Parque das Naçoes a Alhandra

Dia 04/10/09
Acordamos às 6H com a ajuda do computador. Começamos a arrumar as coisas. Havia muita neblina e o dia custou a amanhecer. Tomamos leite achocolatado e pao de café da manha e deixamos a PJ.
Saímos do Parque das Naçoes lado a lado com o Tejo. Caía uma chuva muito fina.









Depois de 3Km chegamos a Sacavém. Pegamos a saída errada e andamos uns 4Km à toa. Ainda bem que parei para fazer um curativo e assim percebemos o erro do GPS. Voltamos para a ponte de Sacavém e seguimos pelo lado errado mais uma vez. Erro de principiantes. Voltamos para a ponte mais uma vez e finalmente pegamos a trilha correta, de aproximadamente 9 Km, até Alpriarte (local de caça permitida).





No caminho havia muitos ciclistas e motoqueiros.
Ainda na trilha o tempo abriu e sol castigou. Chegando a Alpriarte paramos num restaurante e comemos meio sanduiche de queijo e um pastel de nata cada um, mais três sucos, totalizando $ 5,50.



Fizemos uma pausa de cerca de 30 minutos e enchemos o camel back e a garrafa. Aproveitamos também para ir ao banheiro. Pegamos a trilha novamente e o sol castigava cada vez mais. Fizemos um trecho de mais ou menos 6Km até Póvoa de Santa Iria. Nem entramos direito na cidade e paramos já na saída, aproveitando a sombra de árvore.
Seguimos mais 3Km por trilha até Alverca do Ribatejo.



Entramos na cidade e paramos no café da igreja. Lanche: 1 sandes de queijo, 2 sucos e 1 twix = $ 4,00. Descansamos até que o sino da igreja nos alertou que já era 4H da tarde e ainda tínhamos um bom trecho pela frente. Antes de seguir passamos na igreja para pegar um carimbo e por incrível que pareça, eles nem sequer ouviram falar no Caminho de Santiago!
Saímos às pressas e o GPS nos deixou na mao mais uma vez. Atravessamos a cidade e seguimos pela rodovia por 6Km até Alhandra. Nesse ponto as bolhas já nos matavam.
Chegamos até os Bombeiros Voluntários depois de errar mais um pouco. Fomos super bem acolhidos por um senhor que lá trabalhava há mais de 30 anos e por Catarina, uma bombeira de 18 anos de idade que já trabalhava há 4 anos como voluntária.



Tomamos um bom banho e saímos para comer no Ponto de Encontro do Sandes. Duas refeiçoes mistas de carnes com batatas, 3 coca-colas, 2 saladas de frutas e 1 suco por $ 16,00. Lá havia dois bombeiros fardados bebendo. Hehehehe
Saímos do restaurante e sentamos à beira do Tejo. LINDO!!!





3º Dia de Caminhada - Alhandra a Azambuja

Dia 05/10/09
Hoje é feriado Nacional. Nem nós dois, nem o jovem bombeiro sabíamos de quê, mas é.
Saímos dos bombeiros e fomos tomar café numa padaria no final da rua. O tempo estava nublado, Graças a Deus. As bolhas estavam me matando e de cara precisei usar o cajado. Chegamos na padaria e quando o dono chegou para nos cobrar, perguntou se éramos brasileiros. Seu nome é Celestino, ou melhor, Tino. Morou por 36 anos no Rio de Janeiro. Como parte de sua família é portuguesa, veio assumir o negócio da tia, que nao está muito bem de saúde. Celestino e a esposa moram em Alhandra, mas segundo ele, lá os mais velhos sao muito comunistas. Ele prefere Porto. Conversamos mais um pouco e voltamos aos bombeiros para pegar os carimbos.
Saímos em caminhada à beira do Tejo (cerca de 4Km) e pegamos um elevador para cruzar o trilho do trem e chegar em Vila Franca de Xira. Caímos dentro de uma Feira de Artesanato, mas além disso, as pessoas estavam ansiosas pela corrida de touros. Como achamos isso uma sacanagem com os touros, passamos rapidamente pela bagunça e chegamos em um parque delicioso.





Seguimos e atravessamos 10Km em uma zona industrial (parte por asfalto, parte por terra). Chegamos a Vala do Carregado e tentei ligar para minha mae. Mais uma vez nao consegui. Atravessamos a pequena cidade e seguimos por uma estrada de asfalto (nem por isso deixou de ser agradável) até Vila Nova de Rainha.



Paramos em um bar chamado Bar Sevilla. Seguimos mais 8Km até Azambuja. Tudo por uma estrada muito movimentada (acredito que em funçao do feriado). Cheia de caminhoes.
Achamos fácil os Bombeiros Voluntários que nos acolheram muito bem também. Usei o banheiro dos homens mesmo e ficamos alojados no salao, mais especificamente no palco.
Saímos para comer: 2 pratos de arroz, batata frita, hamburguer e ovo + 2 coca-colas + 1 fatia de bolo = $ 10,70. Na volta passamos na farmácia para comprar mercúrio, microporo e alguns apetrechos para as bolhas, que melhoraram só um pouco.
Amanha serao 32Km. Affff...

4º Dia de Caminhada - Azambuja a Santarém

Dia 06/10/09

Acordamos às 6H e 45M e começamos a arrumar as coisas. Saímos às 8H e tomamos café. Seguimos no caminho, atravessando a linha do trem e pegamos uma estrada de terra por entre campos.







Logo começou a chover e a chuva ficou cada vez mais forte. Ficamos totalmente encharcados! Botas impermeáveis? Hahahahaha. GPS a prova d’água? Kkkkkkkk.
Andamos 13Km até Reguengo. Paramos no banheiro públicos (limpíssimo) para trocar de roupa e seguimos até Vala. Chegamos lá por volta de 12H e 40M. Comemos 3 sandes de queijo e 2 sucos. Os pés molhados incomodavam bastante e recorri ao meu cajado mais uma vez. Em pouco tempo chegamos a Porto Muge. Mas.... de lá até Omnia foram 17Km de estrada de terra intermináveis! Para completar, na pausa que fizemos, insisti em ligar o GPS e acho que o queimei de vez. Estou arrasada! Quase chorei várias vezes de tanta culpa, pois ele é fundamental para o nosso caminho até Porto, trecho no qual a sinalizaçao é muito precária.
Com muito custo e muitas dores chegamos em Omnia e nao tinha nada na cidade. Por isso seguimos até Santarém mesmo. Foram apenas 2Km, mas em compensaçao, só de subida. Quando chegamos na cidade compramos uma coca e um pao doce em um café. Logo em seguida paramos no restaurante Pata Choca para almoçar (1 prato pequeno + 1 prato grande+1 sobremesa = 9,80). Com muito custo achamos a Pensao Vitória, que nos indicaram por ser a mais barata ($ 40,00), acredite! Ainda bem que era muito boa e com uma angolana muito simpática.

5º Dia de Caminhada - Santarém a Golega

Dia 07/10/09







Ainda nao consigo escrever sobre esse dia. Fizemos o trecho de Santarém a Golega e até agora penso que foi o trecho mais difícil para mim. O caminho era lindo! Mas em certo ponto da trilha nos perdemos das setas amarelas e optamos seguir pela estrada de asfalto até a próxima cidade, para entao retomarmos as benditas setas (lembrando que o GPS continuava estragado). O problema é que o caminho até a próxima cidade pelo asfalto era o dobro da trilha de terra, ou seja, andamos muito mais que o planejado.








Nesse dia chorei de cansaço. Golega nao chegava nunca e meus pés estavam me matando. O cajado mais uma vez foi meu companheiro. Encontramos com facilidade os Bombeiros Voluntários e foi a conta de chegar e a chuva cair. Acho que tive um pouco de febre em funçao da gripe e de uma dia inteiro sob o sol. Cheguei tao cansada que nao queria nem sequer escrever sobre os acontecimentos do dia, até agora.

6º Dia de Caminhada - Golega a Tomar

Dia 08/10/09

Acordamos às 7H e chuviscava. Demoramos para arrumar tudo e saímos dos Bombeiros Voluntários às 8H e 40M, rumo a nossa rota do dia. Paramos em um café para comermos e seguimos em linha reta até uma estrada de terra. A Quinta de Cardiga é muuuuito linda! Perfeita! E eu fui incapaz de tirar uma foto. Raiva...
O trecho de Atalaia até Grou é muito confuso e com muita subida. Por isso, acabamos pegando a estrada no meio do caminho. Retomamos a rota em Asseiseira e até Tomar foi um pouco de cada: estrada e terra.
Em Tomar nao há Bombeiros Voluntarios e os Bombeiros Municipais nao nos acolheram. Ficamos no Hotel Residencial Kamanga por $ 37,50 com café. Jantamos em um restuarante italiano por $ 16,75 (cobraram $ 3,00 de azeitonas e patê – absurdo!). Passamos no mercado e voltamos para o hotel para dormir cedo e sair cedo também pela manha.
Meus pés estao muuuito inchados. Fico preocupada porque além de inchado ele está roxo...